PAIXÃO GRAMATICAL...

Eu estou apaixonada por um substantivo próprio, derivado de perfeições e reticências...

Sinto nele o fogo ardente da paixão avassaladora, desejo todo o seu coletivo, sinto ciúmes das amigas dele, mas sei que é impossível acabar com todas as vírgulas, conjunções e até mesmo quando sinto ciúmes das interjeições, arranjo um jeito de mergulhar na sinestesia da vida, ah, válvula de escape, tais locuções adjetivas que nos cercam diante de tamanhos sofrimentos. À noite sonhocom o objeto direto e acordo inundada de prazer, sedenta por adjetivos, faminta por um sujeito simples, um artigo determinado masculino que roubara-me a paz. Oh vida cruel, soturna sorte. Antes eu do que ele, pensava. Mas trato de aproximar os dois tempos verbais. Peço ajuda à metáfora, fecho os olhos imaginando o delírio prazeroso da onomatopéia enquanto fazemos amor em meu pensamento. Eu estou amando, vítima do mais puro pleonasmo, sinto o amor.